Quando me comprometi com essa newsletter 4 anos atrás, um dos meus maiores medos era: “Mas eu vou ter sobre o que escrever pra sempre? Vou ter assunto toda semana? Minha vida não é tão interessante assim. Eu não tenho conhecimento o suficiente para isso.”
O compromisso sempre parece mais pesado quando perdemos o foco no agora.
A escritora de ciências, Winifred Gallagher, encontrou relação entre felicidade e atenção após ter descoberto um diagnóstico de câncer — e não qualquer tipo, era um agressivo e avançado.
“Essa doença queria monopolizar minha atenção, mas, na medida do possível, vou me concentrar em minha vida".
O tratamento foi exaustivo e terrível, mas Gallagher não pôde deixar de notar que esse compromisso de dar atenção ao que era bom em sua vida — “escrever, filmes, caminhadas, martíni às 18h30” — funcionou surpreendentemente bem.
Curiosa com o efeito, ela quis entender melhor o papel que a atenção — aquilo que decidimos nos concentrar ou ignorar — desempenha na definição de nossa qualidade de vida. Depois de 5 anos de relatórios científicos, ela se convenceu de uma teoria:
Como dedos apontando para a lua, outras disciplinas distintas, da antropologia à educação, da economia comportamental ao aconselhamento familiar, sugerem que a gestão habilidosa da atenção é condição sine qua non da boa vida e o segredo para melhorar praticamente qualquer aspecto de sua experiência.
Isso derruba um dos principais paradigmas da forma como a maioria de nós vivemos:
Tendemos a colocar muita ênfase nas circunstâncias, assumindo que o que acontece ou deixa de acontecer conosco determina como nos sentimos.
O estudo de Gallagher afirma que nosso cérebro constrói nossa visão de mundo a partir daquilo que prestamos atenção.
Se você se concentrar em um diagnóstico de câncer, você e sua vida serão infelizes e sombrios, mas se optar por se concentrar no seu próximo texto e no martíni no final do dia, você e sua vida se tornarão mais agradáveis.
Por experiência própria, passei alguns anos frequentando clínicas de tratamento de câncer acompanhando minha mãe. Conheci diversos perfis de pacientes e acompanhantes. Devo dizer, a sra. Gallagher tem muita razão.
Era possível ver com clareza aqueles que não estavam sabendo lidar mentalmente com o contexto da doença. Parecia que andavam com uma nuvem preta sob sua cabeça. Expressão facial de desgosto; tudo estava errado, o universo conspirava contra eles; um excesso de autopiedade.
Ao mesmo tempo, tinham aqueles que chegavam e saíam com bom humor. Cumprimentavam a todos, perguntavam sobre as novidades da semana, tinham muito mais paciência que a média e usavam o humor para lidar com praticamente tudo.
Mesmo diagnóstico, experiências completamente diferentes.
Ao melhorar habilmente sua atenção, seu mundo será melhor sem mudar nada de concreto.
Voltando para o compromisso da newsletter, toda semana eu escolho entre:
“Putz, que inferno! Por que fui me comprometer com isso? Eu nem sou escritor. Não sei escrever. Não tenho nada para dizer.”
“Mais uma oportunidade de lembrar do compromisso que fiz comigo mesmo de usar a comunicação como aliada; fazer reflexões sobre o que tenho feito e aprendido e, o melhor, continuar treinando minha escrita — já melhorou muito nos últimos anos. Hum… sobre o que quero escrever essa semana? O que tem feito parte dos meus últimos dias?”
Mesma realidade, mas atenção está em lugares diferentes.
Para nós criativos, eu acho que isso se aplica àquilo que o escritor Steven Pressfield chama de “resistência”. Que é basicamente o que precisamos vencer todos os dias quando vamos começar a trabalhar. Ela vem em diversas formas: procrastinação, dúvidas, incertezas, falta de autoestima, etc.
Todos os dias, o profissional criativo decide ignorar a resistência e dar atenção ao trabalho. Toda semana que venho escrever este texto, eu escolho dar atenção à parte positiva de ter uma newsletter.
E você, qual vai ser sua decisão; o que vai ignorar e onde vai depositar sua atenção?
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“Cinco anos de relatórios sobre atenção confirmaram algumas verdades, entre elas a noção de que 'cabeça vazia, oficina do diabo’. Quando você perde o foco, sua mente tende a se fixar no que poderia estar errado com sua vida em vez de no que está certo.” — WINIFRED GALLAGHER
Extra Curricular
Usei este vídeo enquanto escrevia este texto. Me ajuda a prestar atenção no que eu quero, evitando cair em tudo que está acontecendo à minha volta.
Agenda
*Voltamos com nossa live EMBD após o carnaval
→ Terça-feira, 08h (sem gravação)
Live no Instagram: 🔵 EMBD → Nosso encontro matinal sobre o mercado de design (sem gravação)
→ Quinta-feira, 15h
Ao vivo no YouTube: Análise de Projetos de Design de Marca
→ Qualquer dia da semana
YouTube: dois vídeos semanais
Ótima semana.
Lona
Baita texto! Lona TDAH nato! 😂
Só li hoje, mas parece que foi providencial. Me ajudou muito 🙌